#PaTHtoparenthood

Kelly - Gravidez e pós-parto


“Apesar de sempre ter querido ser mãe, diria que o meu caminho até à maternidade foi no mínimo acidentado.

Os médicos sempre me disseram que seria mais difícil engravidar. Por isso, decidi prevenir a minha potencial infertilidade e comecei a consultar o principal acupuntor em matéria de fertilidade de Nova Iorque, aquele a quem toda a gente recorre após a fertilização in vitro falhar. Ao que parece, os médicos estavam redondamente enganados e engravidei num instante.

Não estava verdadeiramente preparada para a gravidez. Naquela altura, o meu marido tinha um emprego novo e estava a viver em New Hampshire, fazendo as viagens para cá e para lá aos fins de semana. Decidi que seria uma necessidade que a nossa nova família estivesse junta. Por isso, durante a minha licença de maternidade, deixei o meu trabalho e mudei-me com o nosso filho com 6 semanas de idade da nossa bonita rua calcetada em Tribeca para uma estrada de terra numa floresta de New Hampshire.

Convenci-me de que a minha história com a cidade tinha acabado e que iríamos agora viver uma vida bucólica idealizada com o nosso bebé recém-nascido (suponho que a cantar Kumbaya junto à fogueira). Depois, descobrimos que tenho predisposição para depressão pós-parto (a minha mãe teve, a mãe dela também, etc.). As minhas hormonas começaram a pregar-me partidas e tendo-me separado da minha vida de 12 anos em Nova Iorque, tudo descarrilou. Só após ter deixado de amamentar o meu filho aos 13 meses é que as hormonas começaram a diminuir e voltei a sentir-me como um semblante de mim mesma, apesar do horrível sentimento de culpa que sentia no meu interior por não representar esta visão perfeita de uma mãe que invejava em outras mães.

Mudámo-nos para Boston e tivemos mais dois bebés. Mais depressão pós-parto. Algumas pessoas perguntavam-me por que motivo continuava a ter filhos se tinha uma depressão tão má. Para ser honesta, é porque queria ter uma família e porque queria que o meu filho tivesse irmãos, e também porque tinha uma visão sobredimensionada da minha capacidade de derrotar a depressão exclusivamente por minha conta.

Não desejo quaisquer problemas pós-parto a ninguém, mas estes problemas fizeram com que ponderasse o tipo de pessoa que quero ser. Por isso, se está a lutar, não está sozinha, não é uma má mãe e, se estiver disposta a isso, deve pedir ajuda junto daqueles que ama. Tive a sorte de contar com pessoas que me amavam quando, na verdade, eu não me amava e encontrei excelentes médicos.

Também sei que calculei mal a mudança de identidade que a maternidade me requeria e não acho que compreendesse o amor antes de ter tido filhos. O meu mais profundo e mais intenso desejo é que os meus filhos saibam o quanto os amo e que estarei sempre ao lado deles, para que possam encaminhar esse amor para o mundo. Enquanto sua mãe, penso que esse é o melhor presente que lhes posso oferecer."


A tua história